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O MBL rompeu com João Doria Jr. (PSDB) depois que o prefeito de São Paulo passou a declinar nas pesquisas de opinião. Agora, o grupo tenta emplacar seu novo pupilo para comandar a nação: o presidente do grupo Riachuelo

condenação de Lula e seu, até aqui, impedimento à corrida presidencial, cria um vácuo cujo preenchimento pode ter efeito explosivo. Como já se sabe através do Datafolha de hoje, sem Lula é Bolsonaro quem lidera a pesquisa.

Mas outros personagens podem aparecer e surpreender. Luciano Huck, apesar de seu pronunciamentos negando a intenção, permanece mencionado e até herdou dois pontinhos.

Não está entre os candidatos, mas outro empresário/liberal/sem partido tem feito barulho. É Flavio Rocha, dono da Riachuelo. Ele encabeça um movimento ao estilo do Agora! de Huck. É um tal “Brasil 200” e a coisa toda é de um ridículo formidável.

O nome de batismo, Brasil 200, é em referência aos duzentos anos da proclamação da independência que serão completados daqui a quatro anos, após o mandato do próximo presidente (caso o próximo complete a gestão).

Com ideais tão nacionalistas, onde teria surgido o movimento? Debaixo de alguma palmeira onde cantam sabiás? Em uma fazenda de cacau em Ilhéus?

O Brasil 200 nasceu em Nova York. Nada mais brasileiro para essa turma do que Nova York ou Miami, é logo ali.

Na carta de intenções que Flávio Rocha vem distribuindo para a imprensa, o empresário diz-se muito preocupado com a avaliação brasileira pela agência Standard & Poor’s. Quanta independência, não?

Flávio Rocha é o perfeito retrato do ‘quem não te conhece que te compre’. Nessa sua cruzada de ‘liderança patriota’, tem repetido o que dez entre dez alienados gostam de ouvir.

Vocifera contra o que tem chamado de ‘uso criminoso’ do BNDES no período em que Partido dos Trabalhadores estava no poder.

O que ele omite é o detalhe de ter recorrido algumas vezes ao BNDES durante os governos do PT e ter pego R$ 60 milhões em empréstimos. Flávio Rocha é o caso clássico de pregar o estado mínimo mas correr aos cofres públicos quando quer socorro.

Está mais do que na hora de os empresários assumirem sua responsabilidade. Empreendedores devem ser os guardiões mais intransigentes da competitividade e da liberdade, pré-requisitos para a criação de riqueza, que move a economia e coloca a sociedade no caminho da prosperidade e da justiça social. Da justiça social verdadeira, acrescento, aquela que promove autonomia”, é o que escreveu Rocha sobre o que move o Brasil 200.

Seria louvável se não ficasse apenas no papel.

Uma ação civil pública pede R$ 37,7 milhões de indenização por infrações identificadas em oficinas terceirizadas pela controladora das Lojas Riachuelo. Há anos os procuradores do Ministério Público do Trabalho promovem inspeções nas fábricas da empresa e denunciam violações trabalhistas.

Falastrão, Rocha ofendeu nas redes sociais a procuradora Ileana Mousinho, responsável pelo pedido de indenização. Agora ele é réu também na Justiça Federal do Rio Grande do Norte por tentativa de coação e caluniar uma procuradora do trabalho.

Como não poderia deixar de ser, Flávio Rocha é unha e carne com gente do calibre de Kim Kataguiri. No último ‘congresso’ do MBL, Rocha foi um dos palestrantes.

Não deixou passar a oportunidade de mais uma vez defender a portaria que praticamente autoriza trabalho escravo. A platéia aplaudiu com as coxas.

São risíveis – e choráveis – os argumentos do empresário para o cenário atual do país. “O fato é que o Brasil não tem um governo”, é o que ele tem dito por aí. Uai sô, quem mandou apoiar o pato amarelo?

É lamentável que nossa ‘elite empresarial’ tenha um discurso cuja síntese está no vídeo a bordo da lancha com Cristiane Brasil e seus pelados.

Enquanto ela afirma não saber o que se passa na cabeça de quem reclama direitos (não é bem isso o que ela diz, mas vamos desconsiderar o grau de lucidez da moça na ocasião), um deles diz ali “Eu tenho, ele tem, todo mundo tem processos trabalhistas”. Todo mundo quem, cara-pálida? Eu não tenho, não exploro ninguém.

É dever das pessoas que de fato almejam um mundo melhor, esclarecer para os demais o que realmente querem esses empresários que posam de bem intencionados com esses ‘movimentos de renovação’, ‘cansei’, ‘basta’, etc.

Essa turma defende o estado mínimo desde que seja mínimo para os pobres e somente para estes.

O encerramento da carta de Flávio Rocha de apresentação do Brasil 200 traz que “Urge devolver o Brasil ao seu verdadeiro dono, o povo brasileiro.”

Ok, mas o povo – maioria – é negropobre e faminto, está valendo assim mesmo? Ou é só para o povo brasileiro de Miami?

Mauro Donato, DCM