Ir às ruas, balançar bandeiras e saber de cor jingles não são exclusivamente expressões de pura admiração por um candidato. Por trás dessas práticas, costuma haver um trabalho remunerado. Dos 11 candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF), os três que declararam à Justiça Eleitoral ter contratado atividades de militância e mobilização de rua revelaram investimento de R$ 865.890.
À frente na pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (20/9), Eliana Pedrosa (Pros), Alberto Fraga (DEM) e Ibaneis Rocha (MDB) são os que disseram à Justiça ter gastado com tal serviço, de acordo com o site DivulgaCandContas, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ex-deputada distrital que lidera a sondagem com 20% das intenções de voto, Eliana despendeu R$ 323.125 para o trabalho, em 592 lançamentos. O valor representa 53% de toda a despesa contratada pela buritizável até o momento.
Em segundo na pesquisa, com 14% e tecnicamente empatado com Eliana, o deputado federal Alberto Fraga investiu R$ 293.054, em 200 pagamentos efetuados. A verba significa 20% de todas as compras e contratações da campanha do democrata na corrida pelo Palácio do Buriti.
No rol de gastos com cabos eleitorais, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito Federal (OAB-DF) Ibaneis Rocha fez 535 lançamentos, que somam R$ 249.711 – 14% de todos os produtos e serviços contratados. O advogado aparece em terceiro, com 13%, na mais recente pesquisa Datafolha.
De acordo com o TSE, a declaração da contratação de cabos eleitorais só é possível sob a categoria atividades de militância e mobilização de rua.
No levantamento Datafolha, Fraga, Ibaneis, Rodrigo Rollemberg (PSB), com 12%, e Rogério Rosso (PSD), com 11%, estão tecnicamente empatados, levando-se em conta a margem de erro utilizada, de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa contratada pela TV Globo e pelo jornal Folha de S. Paulo está registrada no TSE com o número DF-05089/2018.
GDF 2018: líderes da disputa gastaram R$ 865 mil com cabos eleitorais
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O deputado federal Alberto Fraga (DEM) investiu R$ 293.054 em atividades de militância e mobilização de rua Reprodução/DivulgaCandContas
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O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito Federal (OAB-DF) Ibaneis Rocha (MDB) efetuou 535 lançamentos desse tipo, que somam R$ 249.711Reprodução/DivulgaCandContas
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A ex-deputada distrital Eliana Pedrosa (Pros) despendeu R$ 323.125 para tal serviço, em 592 pagamentos Reprodução/DivulgaCandContas
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O deputado federal Alberto Fraga (DEM) investiu R$ 293.054 em atividades de militância e mobilização de rua Reprodução/DivulgaCandContas
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O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito Federal (OAB-DF) Ibaneis Rocha (MDB) efetuou 535 lançamentos desse tipo, que somam R$ 249.711Reprodução/DivulgaCandContas
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A ex-deputada distrital Eliana Pedrosa (Pros) despendeu R$ 323.125 para tal serviço, em 592 pagamentos Reprodução/DivulgaCandContas
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O deputado federal Alberto Fraga (DEM) investiu R$ 293.054 em atividades de militância e mobilização de rua Reprodução/DivulgaCandContas
Quem são eles
Morador de Ceilândia, José Paulo Vasconcelos Júnior, 30 anos, tornou-se cabo eleitoral por indicação de uma vizinha. Desde então, os dias estão cheios: o rapaz divide-se entre fazer campanhas para Fraga, para um candidato a deputado federal e para uma postulante à distrital da mesma coligação do parlamentar.
Antes de partir para as atividades de rua, José Paulo estava desempregado há seis meses. Em sua última ocupação formal, havia trabalhado como cobrador. “Fico até 7 de outubro. Depois, vou procurar outro emprego”, disse. Ele contou que Fraga pagará R$ 1,4 mil, em duas parcelas. Dos outros candidatos, receberá R$ 1 mil de cada.
Foi também por mediação de um vizinho que Marinez Santos, 45, entrou para o ramo. Ela afirma estar desempregada há dois meses e recebe seguro-desemprego. Antes de trabalhar para a campanha a deputado federal do vice-governador Renato Santana (PSD), a moradora da Expansão do Setor O era auxiliar de serviços gerais.
Marinez tem planos para depois das eleições. “Quero ser empreendedora e abrir meu próprio restaurante”, declarou. Por enquanto, espera receber os R$ 1 mil prometidos para o fim do mês.
GDF 2018: líderes da disputa gastaram R$ 865 mil com cabos eleitorais
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Marinez Santos, 45 anos, trabalha na campanha a deputado federal do vice-governador Renato Santana (PSD), da mesma coligação do candidato ao GDF Rogério Rosso (PSD) Ana Luiza Vinhote/Especial para o Metrópoles
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Antes de partir para as atividades de rua nas campanhas de Fraga e mais dois candidatos proporcionais, José Paulo, 30, estava desempregado. Em sua última ocupação formal, havia trabalhado como cobradorAna Luiza Vinhote/Especial para o Metrópoles
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Marinez Santos, 45 anos, trabalha na campanha a deputado federal do vice-governador Renato Santana (PSD), da mesma coligação do candidato ao GDF Rogério Rosso (PSD) Ana Luiza Vinhote/Especial para o Metrópoles
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Antes de partir para as atividades de rua nas campanhas de Fraga e mais dois candidatos proporcionais, José Paulo, 30, estava desempregado. Em sua última ocupação formal, havia trabalhado como cobradorAna Luiza Vinhote/Especial para o Metrópoles
Cabo eleitoral do candidato à reeleição ao GDF Rodrigo Rollemberg (PSB) – o qual apareceu em quarto lugar na mais recente pesquisa Datafolha, com 12% –, Jéssica Souza (foto em destaque), 22 anos, disse ter sido indicada por um primo que trabalha na Administração do Paranoá.
Estudante do 7º semestre de enfermagem, ela começou no novo serviço na última segunda-feira (17/9). Moradora de São Sebastião, Jéssica afirma que receberá R$ 1 mil um dia antes do primeiro turno.
Após as eleições, quer voltar a atenção à vida acadêmica. “Depois que terminar a faculdade, pretendo fazer mestrado e doutorado. Também vou me dedicar a passar em um concurso público na minha área”, pontuou.
Confira o que os candidatos ao GDF disseram sobre a contratação de cabos eleitorais:
GDF 2018: líderes da disputa gastaram R$ 865 mil com cabos eleitorais
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O professor Guillen (PSTU), por meio da assessoria, explicou ser contra a contratação de cabos eleitorais. “Toda nossa campanha é sustentada pelos candidatos, militantes e simpatizantes de maneira totalmente voluntária. A possibilidade de contratar cabos eleitorais torna o processo eleitoral ainda mais antidemocrático, pois favorece aqueles que estão em conluio com os grandes empresários”, declarouRafaela Felicciano/Metrópoles
7/11
A assessoria de imprensa do ex-presidente da OAB-DF Ibaneis Rocha (MDB) disse que a contratação de pessoal é feita de acordo com a Resolução n° 23.553/17, do TSE. “Funciona muito mais como uma ajuda de custo para pessoas que se engajem na campanha do que como salário”, disse. A seleção ocorre a partir da militância partidária. Segundo a equipe do candidato, “o reflexo do trabalho desses apoiadores pode ser observado no crescimento do candidato nos índices das pesquisas”Igo Estrela/Metrópoles
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Também por meio da assessoria, o economista Júlio Miragaya (PT) disse que, de fato, não contratou serviço de panfletagem e mobilização permanente. “O nosso escasso material é entregue apenas em atividades com os candidatos proporcionais e com os demais majoritários”, pontuou Filipe Cardoso/Metrópoles
Santa Rosa/Metrópoles
10/11
A assessoria de imprensa do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) declarou que os pagamentos dos cabos eleitorais foram lançados no sistema da Justiça Eleitoral como serviços prestados por terceiros. Para tal categoria, foram despendidos R$ 2 milhões até a sexta-feira (21/9) Michael Melo/Metrópoles
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O deputado federal Rogério Rosso (PSD) não respondeu sobre o assunto até a última atualização deste texto Daniel Ferreira/Metrópoles
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“A militância faz, muitas vezes, o papel do candidato, que não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo”, defendeu o deputado federal Alberto Fraga (DEM). Segundo o buritizável, geralmente os militantes trabalham oito horas por dia e têm duas horas de almoço. “São lideranças políticas, apoiadores e simpatizantes que já trabalharam comigo em outras campanhas eleitorais”, completouDaniel Ferreira/Metrópoles
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Por meio de nota, o empresário Alexandre Guerra (Novo) explicou que o partido não utiliza fundo partidário, “usualmente a fonte de pagamento de cabos eleitorais e militância”. “Todas as atividades são voluntárias e na reta final haverá uma única ação de mobilização, contratada pelo candidato à Presidência”, explicouHugo Barreto/Metrópoles
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A assessoria da ex-deputada distrital Eliana Pedrosa (Pros) explicou que, na verdade, a campanha dela não conta com cabos eleitorais. “São pessoas que acreditam em um Distrito Federal [melhor]. Por isso, esses valores correspondem a ajuda de custo”, esclareceu Rafaela Felicciano/Metrópoles
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declarou Hugo Barreto/Metrópoles
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A assessoria do bancário Renan Rosa (PCO) explicou que “não tem essa prática” e a “militância é voluntária” Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
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A assessoria de imprensa da professora da Universidade de Brasília (UnB) Fátima Sousa (PSol) disse que seis pessoas foram contratadas na reta final para ajudar nas atividades de rua. “Na verdade, o valor pago mais se assemelha a uma ajuda de custo, porque são militantes e simpatizantes que gostam de ajudar na campanha, mas não teriam recursos para fazê-lo e, portanto, recebem um valor de cerca de R$ 50 por dia para alimentação e transporte”, declarou Hugo Barreto/Metrópoles
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A assessoria do general Paulo Chagas (PRP) declarou que ninguém foi contratado. “Estamos trabalhando com a militância espontânea”, afirmouRafaela Felicciano/Metrópoles
Colaborou Ricardo Taffner
Colaborou Ricardo Taffner