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O Ministério da Saúde informou que o DF registrou 81 mortes pela dengue. A capital tem a maior incidência de casos prováveis do país. O governador, Ibaneis Rocha (MDB), destacou a participação das secretarias e do governo federal no combate à doença

Pessoas aguardam por atendimento na tenda da administração regional do Sol Nascente -  (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Pessoas aguardam por atendimento na tenda da administração regional do Sol Nascente – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O Distrito Federal é a unidade da federação com a maior incidência de casos prováveis de dengue, com 4.275,8 para cada 100 mil habitantes, de acordo com dados de ontem do Ministério da Saúde — mais que o dobro do segundo lugar, (Minas Gerais, que está com 2.135,6/100 mil habitantes). De acordo com o painel de monitoramento do Ministério da Saúde, atualizado na tarde de ontem, o número de mortes na capital do país subiu para 81. Moradores que buscam atendimento nas tendas de hidratação relatam as dificuldades para o tratamento.

A encarregada Iranilda Batista, 45 anos, é moradora do Sol Nascente e, infectada pela doença, estava na tenda montada na administração regional para conseguir o diagnóstico para o filho. “Comecei a sentir os sintomas no sábado; no domingo à tarde vim até a tenda para conseguir o atendimento. Estava com febre, dor de cabeça, muito calafrio, dor nas articulações e um pouco de náusea”, disse. “Hoje (ontem) estou na fase da coceira, manchas pelo corpo e continuo com febre. Mesmo doente, tive que vir aqui novamente, pois meu filho começou a sentir os sintomas durante a madrugada”, acrescentou Iranilda.

Durante a entrevista, o filho da encarregada, Luis Miguel Marques, 16, voltou do teste rápido, afirmando que o resultado tinha dado positivo. Segundo Iranilda, essa é a primeira vez que o adolescente é infectado. “No meu caso, é a terceira. Tive dengue em 2010, 2020 e agora, durante essa epidemia. A de agora é a pior de todas”, avaliou. “Dizem que as reinfecções costumam vir mais fortes, então não quero nem pensar em pegar uma quarta vez. Se a terceira está desse jeito, tenho medo do que possa acontecer numa próxima”, ressaltou, com medo de agravamento da doença.

Iranilda classificou como “horrível” a sensação de estar com a doença. “Ninguém quer ficar desse jeito. Sem contar que, mesmo debilitada, tive que sair de casa e trazer meu filho para conseguir atendimento”, desabafou. “A gente não está conseguindo comer quase nada, tem que ser sempre algo mais leve para não passarmos mal. Fica mais difícil para nos restabelecermos”, acrescentou a moradora do Sol Nascente.

Coordenador de Infectologia do Hospital Santa Lúcia, o médico Werciley Júnior explicou que, quando se trata de dengue, a reinfecção sempre é mais grave. “Existe o risco de maior de causar o quadro de choque hemorrágico”, comentou. “Desta forma, o diagnóstico rápido é importante. Ele permite o tratamento mais rápido e adequado ao paciente, além de diminuir a chance dessa pessoa contaminar outros mosquitos (e esses contaminar mais pessoas)”, comentou o especialista.

Medo

Correio também esteve na tenda montada dentro da administração regional de Santa Maria. Lá, o balconista Luiz Henrique Domingues, 33, buscou atendimento para confirmar se estava com dengue. “Meus sintomas começaram hoje (ontem) cedo. Tive dor no corpo, dor de cabeça e atrás dos olhos, fraqueza e enjoo”, relatou. “Como tive os sintomas recentemente, meu teste deu negativo. Só que eles são típicos da doença, então me deram encaminhamento para voltar amanhã (hoje) e tirar a dúvida”, afirmou Domingues.

Ele destacou que está sendo ruim passar pelos sintomas. “A pior coisa que estou tendo é dor de cabeça. Está bem forte mesmo, nível de enxaqueca”, descreveu. O balconista estava acompanhado da esposa, Talita da Silva, 31. E está temerosa, por causa do histórico familiar. “Meus pais tiveram dengue ao mesmo tempo, em 2010. Eles ficaram bem fracos, de cama mesmo. Tive que cuidar deles e foi bastante tenso, fiquei com medo de acontecer algo pior com meus pais, na época”, comentou.

Talita afirmou que no local onde moram em Santa Maria, o Condomínio Total Ville, o fumacê já passou. “Além disso, o nosso síndico é bastante cuidadoso e está sempre em contato com a administração regional. Por isso, a gente acredita que ele tenha contraído a dengue, caso se confirme, no trabalho, que fica em Samambaia,  a cidade está com uma incidência alta”, observou. “Ele começou a trabalhar lá ontem, para cobrir férias de um colega de trabalho. Como dois de lá pegaram, a gente acredita que foi lá”, acrescentou a esposa de Luiz Henrique.

Boletim

De acordo com o último boletim epidemiológico da dengue, divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF) na segunda-feira, a capital do país está com 120.625 casos prováveis da doença. Ainda segundo a pasta, o DF registrou (na segunda) 78 óbitos confirmados de dengue. 

Durante visita ao Cruzeiro, na manhã desta quarta-feira (6/3), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que o governo está trabalhando “de todas as formas e unindo todos os esforços” no combate à dengue. “Contamos com a participação do governo federal e de todas as secretarias. No último fim de semana, estivemos no Sol Nascente em um programa de erradicação da dengue”, comentou. “Sabemos que é uma doença muito difícil e que está espalhada pelo Brasil todo. Tivemos, ontem (terça), São Paulo decretando estado de emergência. Isso é um sinal de que a situação não está ruim só aqui. O que nós temos é que auxiliar as famílias e a população do DF, com toda a nossa força”, ressaltou Ibaneis.

No fim de fevereiro, a Secretaria de Saúde anunciou a instalação de 11 novas tendas de hidratação. As estruturas seriam instaladas em Vicente Pires, Varjão, Gama, Taguatinga, Guará, Plano Piloto, Paranoá, Planaltina e Águas Claras. Ceilândia e Samambaia, que contam com uma, teriam mais um espaço. No entanto, a pasta respondeu, por meio de nota, que “ainda não há data definida para instalação das novas tendas”.

Vacinação ampliada atrai adolescentes

Desde a terça-feira, a Secretaria de Saúde, seguindo orientação do Ministério da Saúde, ampliou o público-alvo da vacinação no DF. Ontem, o Correio visitou as UBS do Cruzeiro e Asa Sul para acompanhar o segundo dia de vacinação da nova faixa etária. O movimento era grande, muitos adolescentes, acompanhados dos responsáveis estavam na fila.

Na UBS do Cruzeiro, Maria Flor Monteiro, 13 anos, moradora de Sobradinho, contou que não chegou a contrair dengue, mas a avó foi infectada em 2019 e chegou a ser hospitalizada pela doença. Para a estudante, a conscientização da vacina é importante.

“É uma forma de se prevenir, mesmo que possa pegar dengue os sintomas são mais brandos com a vacina”, comentou. Além disso, ela relatou a forma que sua família lida com a dengue em casa. “Minha família não está deixando água parada, meu pai tem um sistema para regar às plantas de forma correta e passamos repelentes”, detalhou.

Júlia Rodrigues, 14, mora no Sudoeste e foi acompanhada pela mãe e a irmã Isabela, 6, para se imunizar. Na família, apenas o avô foi infectado e está passando pela recuperação. “A imunização é importante porque a dengue é uma doença que mata. Vim aqui hoje até para dar exemplo à minha irmã”, contou. Isabela não se vacinou por causa da idade, mas sabe a importância do imunizante. “Vou me vacinar quando tiver (disponível para mim). A vacina da dengue é importante, porque (a doença) é perigosa e pode evoluir para a hemorrágica”, contou.

O infectologista Werciley Júnior explicou que a vacina é uma das formas de prevenção. “Ela vai diminuir a incidência de casos graves nos próximos anos. Pensando na epidemia atual, o impacto é baixo, pois estamos no processo de endemia. Porém, falando de futuro, a ideia é que a vacina tenha um forte potencial de diminuir a quantidade de casos graves”, reforçou o especialista.

O médico ressaltou que existem algumas contra indicações para o imunizante. “Aqueles que estão abaixo dos 4 anos e acima dos 60, não podem tomar a vacina. Além disso, pessoas que têm baixa imunidade, como aquelas que estão fazendo tratamento de câncer, não devem ser imunizadas”, alertou. Segundo o infectologista, a faixa etária “extrema” não pode tomar a vacina, pois o imunizante não foi testado nesse público.

Estagiária sob a supervisão
de José Carlos Vieira

Com informações do Correio Braziliense

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