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Com dívida milionária, o palco das artes vai a leilão na próxima quinta-feira. Patrimônio distrital, a venda do prédio pode configurar perda irreparável à cultura do DF

A Faculdade Dulcina de Moraes é um dos projetos ameaçados -  (crédito: Chris Ramirez/Divulgacao)

A Faculdade Dulcina de Moraes é um dos projetos ameaçados – (crédito: Chris Ramirez/Divulgacao)

Projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, o Teatro Dulcina carrega consigo quase um século de história brasileira. O espaço, inaugurado em 21 de abril de 1980, é casa de acervos fotográficos, textuais e cênicos do teatro nacional, datados de 1910 a 1990, que refletem um fiel retrato de um dos principais movimentos culturais do país. O legado do espaço, no entanto, está atualmente em jogo. Devido a dívidas que totalizam mais de R$ 20 milhões, o prédio, que também abriga a Faculdade Dulcina de Moraes e a sede da Fundação Brasileira de Teatro (FBT), tem leilão marcado para a próxima quinta-feira.

A crise do teatro se estende desde a década de 1990 e tem sido revertida, aos poucos, pela mais recente gestão da FBT, que assumiu a administração do espaço há cerca de um ano e meio. “Nós assumimos em março do ano passado e fomos surpreendidos com o leilão na porta. Já houve uma tentativa no ano passado e a gestão anterior conseguiu sustar o leilão”, conta Gilberto Rios, presidente da FBT. “Quando nós recebemos a carta há 50, 60 dias de que o prédio iria a leilão, nós não tínhamos mais o que fazer”, revela.

Gilberto identifica vários culpados por trás da deterioração do Dulcina. “A situação do teatro chegou aonde está por uma série de atores sociais. Está na hora de todo mundo fazer uma mea culpa, estender as mãos e buscar uma solução”, avalia. “Hoje em dia, o GDF também tem uma parcela de culpa nisso, as gestões, os governos anteriores e o atual governador também. Eles não preservaram. Não adianta tombar algo e não dar condições para esse algo ser preservado”, aponta. “Todos têm culpa, sem exceção”, complementa.

Apesar das complicações no processo, ainda há esperança — o objetivo, agora, é conseguir embargar o leilão, como já foi feito na tentativa anterior de venda do prédio. Diretor cultural da FBT, Josuel Jr. acredita que falta uma conscientização do governo do Distrito Federal e do governo federal sobre a possibilidade desse leilão. “Isso é de uma urgência tão extrema que precisa chegar ao gabinete da Ministra da Cultura Margareth Menezes”, afirma o diretor. “O que pode ser feito é o GDF, com a Secretaria de Cultura, entrar em contato com a Margareth, porque nós não estamos falando do Teatro Dulcina só como um prédio de Brasília. O nosso acervo guarda as cartas de Monteiro Lobato, os documentos protocolados na censura federal originais, as articulações de Dulcina com presidentes da república, memorandos, fotos, ofícios, tudo, além de bilhetes para presidentes articulando a cultura com os ditadores para ver se eles deixavam a cultura persistir. Isso não pode ser tratado na esfera da Secretaria de Cultura apenas”, pontua.

Em nota ao Correio, o Secretário de Cultura, Cláudio Abrantes, lamenta a venda do imóvel e reforça a atuação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e do Distrito Federal (Secec-DF) em relação ao patrimônio do Teatro Dulcina. “Mesmo com os obstáculos jurídicos e financeiros, estamos buscando soluções para que seja preservada a memória e o bem do Teatro Dulcina de Moraes em sua totalidade”, reitera. Na última terça-feira, o secretário de cultura, que também é Presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural — Condepac, assinou uma manifestação que pede reconsideração do judiciário com vistas ao cancelamento, suspensão ou adiamento do leilão, para que seja realizada uma nova perícia nos bens da FBT em busca de uma outra fonte capaz de sanar as dívidas.

Para Gilberto, falta uma intervenção mais direta por parte do GDF. “Por que o governador não fala para o presidente do BRB: ‘Veja o que é aquilo ali’. Um complexo que poderia ser o complexo do BRB, como é o Banco do Brasil, como é a Caixa Cultural”, exemplifica. O presidente da FBT ainda faz uma comparação ao investimento que o Banco de Brasília faz, atualmente, no time de futebol Flamengo. “Por que o BRB quer 50 milhões para o Flamengo? Por que o Flamengo do Rio de Janeiro está trazendo benefícios para o Distrito Federal?”, questiona. “Se suspenderem os investimentos ao Flamengo por um ano e colocarem os mesmos recursos dentro do Dulcina, todos os problemas serão definitivamente resolvidos. E aí você tem dois teatros no coração de Brasília”, finaliza.

Com informações do Correio Braziliense

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