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800 trabalhadoras e trabalhadores da linha de frente na limpeza de hospitais públicos e postos de vacinas estão em greve no Distrito Federal por atraso no pagamento de salário pelo descaso do governador Ibaneis Rocha (MDB). O Esquerda Diário ouviu os depoimentos dos trabalhadores que, em decorrência desses atrasos, estão com dificuldades de pagar suas contas e arcar com o alto preço dos alimentos, além das denúncias das condições precárias e mal-tratos sofridos pelos terceirizados.

Com seus salários atrasados desde o dia 6/09, há mais de uma semana, os 800 trabalhadores terceirizados da saúde do Distrito Federal declararam greve na segunda 13/09. Em seu depoimento, os trabalhadores relataram as penúrias de ter de sobreviver sem seus salários: as dificuldades de pagar as contas, num cenário em que os preços da luz e dos alimentos não param de subir.

“Eu não pago aluguel, mas tenho 4 filhos, preciso pagar a van escolar, as contas […] Tem gente aqui que pega 4 horas de condução….Aí chega aqui, a gente trabalha, trabalha, trabalha… 12 horas por dia…pra quando chegar no dia do pagamento e não ter? A gente só quer nossos direitos!”

Trabalhadores que estiveram ao longo de toda a pandemia se expondo ao risco de contaminação, na linha de frente como são os hospitais, tendo de manusear materiais contaminados, sem contar com os EPIs adequados ou em quantidade suficiente como afirmam em seus relatos.

“É tipo assim, o nosso trabalho não tem valor?… Um hospital de referência pra COVID não vai ter álcool? A gente tem que ficar se deslocando de um setor para o outro, atrás de álcool, porque a empresa não fornece, às vezes fornece mas é pouco…Máscara é de vez em quando… você vai pedir para um enfermeiro, eles falam, ’moça não tem nem pra gente’”

Fica evidente a distinção de tratamento a qual os terceirizados estão submetidos, tanto na inferiorização por parte dos outros trabalhadores, quanto na falta de segurança em seus contratos no jogo de empurra entre GDF e a BRA Serviços, que terceirizam a culpa, enquanto atrasam salários e não fornecem os EPIs necessários para esses profissionais.

“Enfermeiro joga coisa contaminada no chão, agulha, bisturi, seringa… Não são todos, mas alguns não colaboram…Eles fala que tão de frente, mas quem tá de frente mesmo, são a gente da limpeza, que estamos o tempo todo lidando com lixo, com coisa contaminada…”

A BRA Serviços, empresa que se beneficia do contrato milionário junto ao GDF (um montante total de R $67.078.778,38), alega que o atraso se deve a falta de repasse do governo. Depois que eles entraram em greve, já pressionaram Ibaneis a ter que declarar que o salário será pago e o secretário de saúde, o general Pafiadache, alega que irá abrir uma investigação para apurar o motivo do atraso. Vale lembrar que esse contrato já foi alvo de uma série de questionamentos, com indícios de favorecimento do governo à BRA Serviços, que levaram a exoneração de 22 funcionários da secretaria e o cancelamento do edital, do qual ela foi novamente vitoriosa.

Em meio a pandemia, a secretaria de saúde de Ibaneis já foi investigada pelo superfaturamento em R$ 30 milhões na compra de testes. A terceirização, além de ser responsável pela precarização das condições de trabalho, também proporciona para os políticos a oportunidade de montar esquemas milionários repassando para a iniciativa privada o dinheiro público. Enquanto os políticos lucram com seus esquemas milionários de corrupção, são os trabalhadores os que sofrem com o atraso dos salários e a falta de condições de dignas de trabalho, assim como é a população que sofre com a precarização dos serviços públicos.

Por isso, prestamos todo o nosso apoio aos trabalhadores e trabalhadoras em greve e nos colocamos à serviço dessa luta, somente a mobilização deles pode arrancar seus salários. Mas é preciso enfrentar a terceirização, através da qual políticos como Ibaneis e os capitalistas querem seguir atacando os trabalhadores, precarizando as condições de trabalho e os serviços públicos. Defendemos a efetivação de todos os terceirizados, sem a realização de concurso público, para que não sejam os trabalhadores a pagar pela crise!

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