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A demarcação de terras é a mãe de todas as lutas dos povos indígenas. Acima, lideranças durante a coletiva de imprensa em 22 de abril, primeiro dia do Acampamento Terra Livre, em Brasília. Fotos: Cebes

Demarcação é condição para saúde indígena, afirma 20º Acampamento Terra Livre

A demarcação é a mãe de todas as lutas, e a Saúde Indígena depende da terra.

Reunidos em Brasília, nesta semana, de 21 a 26 de abril, cerca de 8 mil indígenas, vindos de todo o Brasil, cobram a demarcação no 20º Acampamento Terra Livre, organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e suas sete organizações regionais de base (Apoinme, ArpinSudeste, ArpinSul, Aty Guasu, Conselho Terena, Coaib e Comissão Guarani Yvyrupa).

“Hoje a gente enfrenta um contexto de devastação, morte institucional, com a tentativa de legalizar o marco temporal, que permite que a nossa terra seja negociada, nossa vida seja negociada”, afirmou geógrafo sanitarista Ruan Italo Guajajara, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), ao Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes).

“A gente entendia que, no governo Lula, a demarcação seria mais fácil, mas a demarcação tem sofrido grandes retaliações no Brasil, tem caminhado a passos lentos, a partir de uma perspectiva de conciliação com grileiros, fazendeiros. A gente entende que isso não é saudável, para nós, para o meio ambiente. Garantir a demarcação de terras é garantir a Saúde, a segurança alimentar, a mitigação do aquecimento global”, avaliou.

Território para mim é vida 

“Quando a gente está na retomada não tem saúde de qualidade. Quando a gente vai atrás da Saúde, falam que a Saúde não pode ser atendida porque está na área de litígio. [Sofre] também quem está na fronteira”, afirma o coordenador da Apib Norivaldo Mendes Guarani Kaiowá, sobrevivente ao massacre de Caarapó.

“Sem o território não há saúde de qualidade, não há educação de qualidade, não há vida. Território para mim é vida”, afirmou Norivaldo ao Cebes.

O coordenador executivo da APIB e do Conselho do Povo Terena Alberto Terena destacou a importância de manter e fortalecer o subsistema de Saúde Indígena, reivindicação dos povos originários.

“Foi uma luta do movimento indígena para que tivéssemos uma secretaria voltada para o nosso povo indígena. Por que isso? Porque temos uma Amazônia muito grande, temos o Pantanal, temos nossos povos em diversos contextos. É necessário que esse atendimento chegue a diversos contextos”, afirmou ao Cebes.

“Queremos que o governo, através da Saúde, da assistência, chegue ao nosso território”, que relembrou a crise sanitária yanomami.

Desafios da Saúde Indígena 

A médica Wilses de Sousa Tapajós, especialista em Medicina da família e comunidade e mestra em Saúde da família, ressaltou a importância de fortalecer a Atenção Primária à Saúde (APS) nos Distritos de Saúde Indígena (Dsei) e o cuidado aos trabalhadores da Saúde Indígena.

As doenças crônicas já são uma realidade nas aldeias, convivendo com problemas históricos como as picadas de ofídios.

“Precisamos discutir como nós, profissionais e gestores da Saúde, podemos fazer esse acompanhamento de doenças crônicas, sem transferir toda a responsabilidade para a população”, avaliou.



Saúde Mental é uma grande preocupação para Wilses, que destacou a questão do alcoolismo e do suicídio de jovens indígenas.

“Outro cuidado que eu tenho, como médica, é com medicalização. Há doenças que precisam ser medicadas, mas é preciso fortalecer também a medicina tradicional, a questão dos chás, das puxações, a questão mesmo do cuidado um com outro, do cuidado coletivo no território. Equipes que adentram o território precisam ter esse entendimento”, avalia.

“Os profissionais de Saúde também estão expostos, estão em uma cultura diferente, e é preciso também estar atento às necessidades desses trabalhadores, para que estejam motivados. O medo e a insegurança fazem com que esses laços com a comunidade não se fortaleçam”, afirmou ao Cebes.

Apoio ao Acampamento 

O Acampamento Terra Livre é organizado pela APIB e suas sete organizações regionais de base.

“A gente entende que voz, a luta, as demandas precisam ser faladas e protagonizadas pelos parentes, mas a gente precisa de apoio na infraestrutura e logística, na alimentação, no translado dos parentes, com meios para que a nossa luta ocorra”, afirma Ruan Italo Guajajara.

Com informações do VioMundo

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