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O juiz Marcelo Trevisan Tambosi: confessadamente na crise dos 40 em 2019, deixando sequestradores nas ruas em 2022 (crédito: reprodução

O juiz Marcelo Trevisan Tambosi, da Vara Criminal da Comarca de Itapema (SC), que negou os pedidos da Polícia Civil e do Ministério Público para prender preventivamente dois bolsonaristas que mantiveram em cárcere privado o motorista de frete Rafael dos Santos Cabral da Silva, é dono de um clube de tiro e de uma empresa de comércio e importação de armas e munições, em operação desde 2021 e 2020, respectivamente.

Na mesma decisão em que negou a prisão preventiva de Carlos Ramon Faila e Gabriel Alexandre Garcia – identificados em vídeos e pela investigação policial como autores do cárcere privado – o magistrado recebeu a denúncia e tornou os dois suspeitos réus em um processo penal pelo crime de tortura, com o agravante de terem mantido a vítima sequestrada por cerca de quatro horas, conforme revelou o DCM na última quarta-feira (30).

A decisão do juiz contrariou o relatório final da Polícia Civil sobre a ocorrência, que solicita a prisão preventiva dos agora réus. Também foi contrária a um segundo pedido de prisão, expedido pelo Ministério Público de Santa Catarina, além de contrariar a própria lógica.

É que Marcelo Trevisan Tambosi admitiu que as provas apresentadas apontam para o crime de tortura e sequestro. Admitiu também que a vítima foi obrigada a deixar a cidade de Itapema e o estado de Santa Catarina, em virtude das ameaças de morte que sofria, o que o impede de exercer a atividade financeira de seu sustento (fretes em Itapema e região).

Mas, alegou que os acusados possuem residência fixa e estão – agora – longe de Rafael, que se encontra em um município não revelado, e que, portanto, não podem mais ameaçar a vida da vítima. Assim, não há motivo para prendê-los – e Rafael que se contente em viver como um foragido e longe da sua área de trabalho (essa parte o juiz não disse). Veja abaixo trecho da decisão.

Fonte: Tribunal de Justiça de Santa Catarina

Nada disso, porém, é suficiente para dizer que o juiz decidiu de modo parcial, a fim de proteger os bolsonaristas, que montam acampamentos em frente a quartéis e bloqueios em rodovidas. O que se sabe, isso sim, é que Tambosi é juiz e também empresário.

No dia 20 de julho de 2020, ele abriu a BJF Firearms, empresa de comércio, importação e exportação de armamentos e munições, conforme se pode ver abaixo.

Fonte: Receita Federal do Brasil
Fonte: Receita Federal do Brasil

Já no dia 3 de março de 2021, o juiz achou por bem abrir outra empresa para somar às suas tarefas de magistrado e dono de importadora: o Clube de Caça e Tiro e Centro de Treinamentos Winchester Ltda.

Fonte: Receita Federal do Brasil
Fonte: Receita Federal do Brasil

O clube de tiro do juiz Tambosi impressiona pela quantidade de armas que possui. Impressiona a qualquer um, inclusive aqueles que estão habituados com estabelecimentos desse tipo no Brasil e no mundo, como os donos do canal do Youtube “Operação 153”. Eles foram visitar o local e já desde o início avisam: “Galera, esse clube impressiona pela quantidade de armas que tem”.

O clube de tiro do juiz tem uma das maiores coleções de fuzis do Brasil, além de um arsenal que vai de revólveres a metralhadoras (crédito: reprodução)

Se o juiz é um autêntico cidadão de bem bolsonarista armado até os dentes e parcial em suas decisões, ninguém pode dizer. O que é, sim, fato é que seu clube é assumidamente partidário de Jair Bolsonaro, assim como seus frequentadores. Veja, abaixo, mais fotos do estabelecimento.

O clube de tiro do juiz ficou #xatiado com a derrota de Bolsonaro nas eleições (crédito: reprodução)
Clube de Tiro Winchester: armas, cerveja e crianças (crédito: reprodução)
23 de outubro de 2022: equipe e clientes do clube de tiro do juiz Tambosi – alguns com a camiseta de Bolsonaro – fazem o número 22 com as mãos, do então candidato do PL (crédito: reprodução)
O clube de tiro do juiz Tambosi é um estabelecimento patriota (crédito: reprodução)