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É isso que significa a frase “Lula tem que se mover ao centro”, explica o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247

www.brasil247.com - Lula
Lula (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

Quem lê o noticiário econômico, os editoriais dos jornais da mídia corporativa e publicações internacionais que se dedicam à cobertura das eleições brasileiras já se deparou ou irá se deparar com a frase “Lula tem que se mover ao centro” para vencer a disputa.

É uma frase que não faz sentido algum, uma vez que Lula sempre representou o centro da sociedade brasileira, na dinâmica entre capital e trabalho, governou durante oito anos pelo centro, colocando inclusive ministros de direita em seus governos, como Roberto Rodrigues, Blairo Maggi e Luiz Fernando Furlan, e mais uma vez, na disputa de 2022, se moveu radicalmente ao centro, convidando o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para ser seu vice.

O que realmente está acontecendo agora é algo totalmente novo. Lula está sendo chantageado pelo mercado financeiro. O que os representantes da Faria Lima e de Wall Street, que sequestraram o País no golpe de estado de 2016, estão fazendo é simplesmente cobrar resgate para devolver o Brasil aos brasileiros. E qual é o preço do resgate? São dois na verdade. Querem o direito de escolher o ministro da Fazenda, alguém como Henrique Meirelles que mantenha a ‘ponte para o futuro’, mas sobretudo a manutenção da política de preços da Petrobrás e do esquartejamento da estatal, que transfere a renda da sociedade brasileira para fundos locais e internacionais.

Tudo que aconteceu no Brasil desde as “jornadas de junho de 2013”, passando pela Lava Jato e pelo impeachment sem crime de responsabilidade contra a ex-presidente Dilma Rousseff, sempre teve como objetivo central roubar a renda do petróleo brasileiro, após a descoberta do pré-sal. Nunca foi pelos vinte centavos, mas sim pelos bilionários dividendos que estão sendo pagos pela Petrobrás. O objetivo central sempre foi sugar a renda dos brasileiros e transferi-la ao capital financeiro com a política de preços da estatal implantada por Pedro Parente. Desde então, o Brasil passou pela greve dos caminhoneiros, pela disparada inflacionária, pela volta da fome e pela distorção total da política tributária dos combustíveis, mas os dividendos dos sequestradores do Brasil têm se mantido intocáveis. Só não enxerga o óbvio quem não quer.

Hoje mesmo, na Folha, há um banqueiro que afirma “em off”, na Folha de S. Paulo, que Lula só não venceu no primeiro turno porque não se moveu suficientemente ao centro. A revista The Economist apoia Lula, em editorial, mas exige que ele se mova ao centro e renuncie a “políticas ultrapassadas”, como o controle de preços de combustíveis. Está tudo explícito e escancarado. E o ‘mercado’ celebra o segundo turno entre Lula e o fascismo porque Jair Bolsonaro já deixou claro que pretende privatizar a Petrobrás num eventual segundo mandato. No jargão do capital, o mercado financeiro hoje se divide em dois grupos: os comprados na privatização da estatal, que não se importam com a destruição do Brasil, e aqueles que ainda prezam pelo que resta de civilização. O suicídio de Getúlio, o golpe contra Dilma, a prisão de Lula e a pressão para que ele “se mova ao centro” são fenômenos que têm o mesmo pano de fundo: o roubo dos recursos naturais brasileiros ou da renda que esses mesmos recursos proporcionam.

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