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Os juros abusivos mantidos pelo Banco Central encarecem o crédito, beneficiando os bancos, mas muitas vezes inviabilizando o consumo das famílias, em especial das mais pobres

www.brasil247.com - Lula e Roberto Campos Neto
Lula e Roberto Campos Neto (Foto: Lucas Landau/Reuters | Ricardo Stuckert/PR | Pedro França/Agência Senado | Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Após a volta do presidente Lula (PT) ao poder, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 1,3% em fevereiro, descontados os efeitos sazonais, e atingiu o maior nível (95,7 pontos) desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020. O índice é apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde 2011. O indicador que mede a perspectiva de consumo se destacou com o maior crescimento mensal, de 3,5%, repetindo a dinâmica de janeiro deste ano. Na variação anual da ICF, houve crescimento de 23,3%.

Apesar da forte intenção de consumo, as famílias brasileiras esbarram na abusiva taxa de juros da economia brasileira, de 13,75% ao ano, imposta pelo Banco Central. O governo Lula vem fazendo pressão sobre a autarquia para cortar os juros, e já tem até mesmo o apoio de gigantes do mercado financeiro. A elevada taxa de juros – a mais alta do mundo – esfria a economia e favorece as instituições financeiras apenas.

Os números, segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, apontam “que os consumidores em geral esperam condições de consumo melhores nos próximos meses, reflexo da inflação mais controlada que no período anterior, o que acaba gerando maior satisfação em relação à própria renda”. Desde outubro do ano passado, no entanto, a perspectiva de consumo tem avançado mais do que o nível de consumo.

A confiança registrada em fevereiro de 2023 é maior principalmente entre as famílias de menor renda. Embora o índice para esse grupo ainda esteja abaixo dos 100 pontos, na zona negativa (93,1 pontos), o nível é o maior desde março de 2020. Os consumidores de rendas média e baixa acreditam que as condições de consumo vão melhorar ao longo do primeiro semestre e estão confiantes de que a inflação seguirá moderada. Por outro lado, o indicador de acesso ao crédito caiu 0,5%, chegando aos 85,5 pontos – essa foi a primeira queda desde janeiro de 2022. “A alta dos juros e o avanço da inadimplência encarecem e reduzem a oferta de recursos pelas instituições financeiras”, aponta a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.

O levantamento mostrou que há mais consumidores satisfeitos com a renda. Para quase 35%, a renda atual está melhor do que em fevereiro de 2022, quando apenas 21,7% das famílias faziam uma avaliação positiva. Para 40,8%, a renda está igual à recebida no ano passado e, para 23,9%, os vencimentos pioraram.

A inflação geral mais contida tem beneficiado a renda disponível, mesmo com o maior endividamento dos consumidores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) anual, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 5,77% em janeiro, enquanto em igual período de 2022 o índice havia registrado alta de 10,5%.Playvolume

Os mais ricos são também os mais cautelosos com o momento da economia brasileira, por isso se manteve estável entre janeiro e fevereiro deste ano a intenção de consumo das famílias desta faixa de renda. Segundo Izis Ferreira, a alta dos juros impacta até mesmo esta população, pois ela também está descontente com a perspectiva profissional e com o acesso ao crédito, que está mais caro e seleto. “Eles estão menos satisfeitos com o emprego e com o nível de consumo atual, pois estão pagando mais caro pelos serviços em geral”, observa ainda a especialista. 

No recorte por gênero, a intenção de consumo das mulheres avançou mais em fevereiro (2,7%) do que entre os homens (1,2%) e a satisfação com o nível de consumo e a expectativa de consumir mais nos próximos três meses cresceu mais entre o público feminino. O público masculino está menos satisfeito com o emprego e com as compras a prazo. Na variação anual, houve alta de 26% na intenção de consumo das mulheres e 23,1% na dos homens.

Também entre os mais otimistas estão os jovens. Na separação por faixa etária, a intenção de consumo das pessoas com mais de 35 anos cresceu mais no mês (2,3%) e no ano (25,4%) do que entre os mais jovens, mas ainda está no campo da insatisfação, com 90,4 pontos em fevereiro. O indicador para os mais jovens atingiu 101,3 pontos neste mês, com variação mensal de 1,3% e anual de 21,6%. “A avaliação dos consumidores com mais idade sobre a renda atual é melhor do que a dos mais novos. Por outro lado, são os consumidores com mais idade que apontam maior dificuldade de acesso ao crédito”, conclui Izis Ferreira.

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